11. Henriqueta Outeiro Branco (Castro Verde, 1910 – Idem, 1989): mestra, comunista e guerrilheira. Começou a sua carreira profissional trabalhando como docente em várias escolas galegas. Em 1936 marchou a Madrid, circunstáncia que lhe permitiu residir na zona controlada polo governo da República durante toda a Guerra Civil. Após o trunfo franquista volveu à Galiza. Apesar da perseguiçom a que era submetida, nom renunciou à sua luita contra o Regime, ao contrario, pois retomou contato com o Partido Comunista de Espanha (PCE) e começou a fazer parte da Guerrilha. A começos de 1946 foi detida, torturada e enviada a prisom. Após passar a disposiçom judicial, foi condenada a morte; porém, a sua sentença foi comutada pola de trinta anos de prisom. Henriqueta Outeiro permaneceu no cárcere até 1960, ano em que conseguiu a liberdade condicional. Durante o seu encerro mantivo um claro perfil político participando em protestos pola melhora das condiçons carcerárias e sofrendo a repressom do Estado.
Para saber mais sobre a Guerrilha Antifranquista no nosso país recomendamos A Guerrilla Antifranquista en Galicia de Hartmut Heine, editado por Edicións xerais de Galicia, S.A.
12. Casamento de Elisa e Marcela (Corunha, 1901): Elisa Sánchez Loriga e Marcela Gracia Ibeas fôrom duas mestras galegas que casárom no dia 8 de junho de 1901 na cidade da Corunha. Para poderem fazê-lo, Elisa decidiu adotar umha identidade masculina. Este facto pode entender-se de dous jeitos. Por umha banda, como um engano. Assim, disfarçar-se de homem era um meio para evitar as restriçons do momento. Deste ponto de vista, o casamento de Elisa e Marcela pode considerar-se coma o primeiro matrimonio homossexual documentado desde a época medieval. Por outra banda, é possível que Elisa nom fosse umha mulher disfarçada, senom umha pessoa que nom se identificava com o gênero que lhe fora dado ao nascer, o que hoje em dia entendemos coma um homem trans. Em qualquer caso, o seu casamento foi considerado um escándalo que as obrigou a fugir da Galiza para poder desfrutar duns direitos que hoje (muitas e muitos de nós) consideramos irrenunciáveis.
Para saber mais sobre Elisa, Marcela e a problemática anteriormente sinalada recomendamos a leitura do artigo de Daniela Ferrandez “Historiar o Trans*: elementos para uma genealogia situada” contido na obra Nós, xs indaptadxs. Representaçoes, desejos e histórias LGBTIQ na Galiza, coordenado por Daniel Amarelo e editado por Através Editora.
13. Amada García (Mugardos, 1911 – Ferrol, 1938): militante do Partido Comunista de Espanha (PCE), executada o 27 de janeiro de 1938 no Castelo de Sam Felipe, em Ferrol. Amada García foi umha das quase 5000 vítimas mortais do Golpe de Estado em Galiza. O seu assassinato justificou-se em basse a um juiço cheio de irregularidades; de facto, foi acusada de rebeliom polas autoridades militares que se acabavam de sublevar contra um governo legítimo. Contudo, a sua morte nom foi fruto do acaso. Amada Garcia foi assassinada pola sua militáncia política, por ser mulher e por nom resignar-se à vida que muitos esperavam que tivesse.
Para saber mais sobre Amada García recomendamos o livro de Bernardo Maiz Vázquez Amada García e os seus arredores, editado por Edicións embora. Biblioteca de Ferrolterra.
Para aproximar-se a magnitude da violência golpista em Galiza recomendamos visitar a web do projeto interuniversitário Nomes e Voces: http://www.nomesevoces.net/ [Última visita: 27/03/2021].
14. José Velo Mosquera (Celanova, 1916 – São Paulo, 1972): dirigente galeguista e antifranquista. Em 1960 formou parte do núcleo fundador do “Directorio Revolucionario Ibérico de Liberación” (DRIL) e foi nomeado diretor geral e máximo responsável do movimento em América Latina. A começos de 1961 dirigiu o sequestro do transatlántico português Santa Maria, junto com o galego José Fernando Fernández Vázquez e o português Henrique Galvão. A chamada Operaçom Dulcinea, foi o primeiro sequestro (com fins políticos) dum navio destas características. Os assaltantes buscavam dinamizar a oposiçom contra as ditaduras espanhola e portuguesa. As suas açons tivérom, sobretudo, umha fonda repercusom na prensa internacional mas também servírom para impulsionar a luita direta contra ambos regimes.
Para saber mais sobre o sequestro do Santa Maria recomendamos o livro de Xavier Montanyà Piratas da liberdade, editado por Edicións Positivas.
15. I Assembleia Nacionalista (Lugo, 1918): celebrou-se entre os dias 17 e 18 de novembro de 1918. Convocada polas Irmandades da Fala constitui um ponto de inflexom para o galeguismo, que dará por esgotada a via regionalista. Na assembleia aprovou-se umha declaraçom histórica: “tendo Galiza todas as características essenciais de nacionalidade, nós, nomeamo-nos, de hoje para sempre, nacionalistas galegos, já que a verba “regionalismo” nom recolhe todas as aspiraçons nem encerra toda a intensidade dos nossos problemas. Além disto, na I Assembleia Nacionalista fixárom-se as grandes linhas do nacionalismo político até a Guerra Civil: demanda dumha autonomia integral para Galiza, federalismo com o resto de povo peninsulares (incluindo Portugal) e republicanismo.
Para saber mais sobre a I Assembleia Nacionalista recomendamos o livro de Ramón Villares Historia de Galicia, editado por Galaxia e o livro de Justo Beramendi De Provincia a Nación. Historia do galeguismo político, editado por Xerais.
16. Dia da Pátria Galega (Compostela, 1920): jornada de afirmaçom da nacionalidade galega que se fixou na II Assembleia Nacionalista, celebrada em Compostela no ano 1919. A data escolhida para celebrar o Dia da Pátria Galega foi o 25 de julho mas o certo é que existiam outras alternativas, coma o dia 17 de dezembro, no que se comemorava a execuçom de Pardo de Cela. Porém, o 25 de julho acabou por se impor devido à sua dobre significaçom: nacional e religiosa. O primeiro Dia da Pátria celebrou-se ao ano seguinte, passando a engrossar o imaginário coletivo para dignificar a Galiza e os seus símbolos (idioma, bandeira e hino). Em 1923, a Ditadura de Primo de Rivera proibiu a sua celebraçom de maneira pública e oficial, o que provocou que as novas convocatórias tivessem que aguardar até a chamada Ditabranda de Berenguer.
Para saber mais sobre as razons que estivérom detrás da escolha do 25 de julho como o Dia da Pátria Galega recomendamos o artigo de Ramón Villares “Da Frouseira a Carral. Sobre dous fitos da “simbólica galega” contido no livro Historias das historias de Galicia, editado por Isidro Dubert.
17. Revista Nós (Ourense, 1920): publicaçom que viu a luz em 30 de outubro de 1920, em Ourense. A Revista Nós estivo dirigida por Vicente Risco desde 1920 até 1936, momento em que o golpe de Estado acabou com a pluralidade política da Segunda República espanhola. A revista serviu como plataforma de divulgaçom e formaçom política, cultural e económica para o nacionalismo galego do primeiro terço do século XX. Em contra dos tópicos que muitas vezes se repetem sobre o nacionalismo, a Revista Nós nom cingiu o seu interesse ao que acontecia dentro das nossas fronteiras. Deste jeito, os seus redatores pugerom o foco em diversos assuntos da cultura e política europeias, com especial atençom ao centro do continente e as naçons atlánticas: como a Bretanha ou a Irlanda.
Para saber mais sobre o Ourense da Geraçom Nós recomendamos o livro de Ramón Villares Historia de Galicia, editado por Galaxia.
18. Missom Biológica de Galiza (Ponte-Vedra, 1921): foi um centro de investigaçom e inovaçom agronómica fundado na paróquia de Salzedo (Pontevedra). Contou com umha importáncia fundamental na melhora de sementes do milho e da pataca, o que tivo umha repercussom direta na melhora da economia labrega. O agrônomo vasco Cruz Gallastegui dirigiu a Missom desde a sua criaçom e ajudou a fundar em 1931 o Sindicato de Produtores de Sementes, umha alternativa para que os camponeses nom tivessem que se submeter aos ditados das grandes companhias. Porém, o golpe de Estado de 1936 detivo o trabalho do centro, acabou com o sindicato de sementes e destituiu Cruz Gallastegui da direçom da Missom. Isto último, devido a que Gallastegui fora membro do Partido Galeguista e um dos ideólogos da política agrária do nacionalismo galego na Segunda República espanhola. Desde esse momento, o centro ficou quase sem suporte econômico. Na atualidade, fai parte do CSIC.
Para saber mais sobre a Missom Biológica da Galiza recomendamos o artigo de Bruno Esperante, Lourenzo Fernández Prieto e Miguel Cabo “Old and new plants from the Americas to Europe: potatoes, corn and the genetics of double hybrid corn
(1800–1940)”, que poderá ser descarregado na seguinte ligaçom: http://histagra.usc.es/gl/publicacions/480/old-and-new-plants-from-the-americas-to-europe-potatoes-corn-and-the-genetics-of-double-hybrid-corn-1800-1940 [Última visita: 29/03/2021].
19. Xosé Neira Vilas (Vila de Cruzes, 1928 – Idem, 2015): nascido e morto na paróquia de Gres, foi um jornalista e escritor em língua galega. Foi autor, entre outras obras (de poesia, ensaio e narrativa), da novela Memorias dun neno labrego, da qual se vendêrom 700.000 exemplares e se realizárom 35 ediçons. Estas cifras, convertem a obra de Neira Vilas na mais vendida e na mais editada de todas as composiçons da literatura galega. Memorias dun neno labrego, segundo a filóloga (e professora da Universidade de Vigo) Iolanda Galanes, nom é apenas um bestseller, mas um longseller, é dizer, umha obra que nom foi esquecida trás um sucesso inicial e que foi capaz de manter uns bons níveis de vendas ao longo dos anos. Esta capacidade de sobrevivência foi possível graças a ser umha obra que pode desfrutar-se por leitores com interesses (e conhecimentos sobre a literatura) mui diferentes.
Para saber mais sobre Memorias dun neno labrego recomendamos o artigo de Iolanda Galanes Santos “Memorias dun neno labrego: a forxa dun longseller”, que pode descarregar-se na seguinte ligaçom: https://emigracion.xunta.gal/files/publicacions/2020/10/memorias_dun_neno_labrego_a_forxa_dun_longseller_56225-texto_del_articulo-111381-3-10-20180521.pdf [Última visita: 27/03/2021].
20. Proclamaçom da I República Galega (Ourense, 1931): trata-se dum episódio bastante pouco conhecido, mas imprescindível dentro da história das reivindicaçons nacionais galegas. A I República foi proclamada na cidade de Ourense, no dia 25 de junho de 1931, após umha manifestaçom operária convocada para protestar pola paralisaçom das obras na linha férrea entre A Corunha e Samora. Esta medida, justificada polo governo central ante falta de financiamento, deixava 12.000 obreiros sem trabalho e supunha um novo retraso na introduçom desde meio de transporto na Galiza. Frente a esta situaçom, em 27 de junho de 1931, dentro dum clima de crescente mobilizaçom, tivo lugar em Compostela umha grande manifestaçom obreira que acabou na Praça do Obradoiro, diante do prédio do Concelho. Ali foi proclamada de novo a I República da Galiza e Antom Alonso Rios foi nomeado presidente da Junta Revolucionaria da República Galega. Finalmente, trás o fervor inicial acordou-se devolver o poder ao Estado central. Com todo, o protesto que deu lugar à I República nom foi um fracasso já que dias depois, o 1 de julho de 1931, o poder espanhol em Madrid anunciou o reinicio das obras que deram origem a todo o ciclo de mobilizaçons.
Para saber mais sobre a I República Galega recomendamos o pequeno documentário A proclamación da República Galega en xuño de 1931, elaborado pola Fundación Moncho Reboiras e que pode visualizar-se na seguinte ligaçom: https://www.youtube.com/watch?v=Z9mlS8hLahM [Última visita: 27/03/2021].
21. A revolta do centeio de Escairom (Savinhao, 1946): foi um conflito protagonizado polas mulheres da vila de Escairom, no concelho do Savinhao, que se unírom para impedir que lhes fosse requisado o grao que guardavam num armazém do município. Além de luitar pola sobrevivência das suas famílias, as congregadas denunciavam a corrupçom das pessoas designadas a se fazerem cargo dos cereais requisados. O facto de que a revolta do centeio estivesse protagonizada por mulheres nom é umha circunstáncia em absoluto surpreendente. Assim, o protagonismo feminino foi comprovado noutras revoltas agrárias da Galiza do século XX, como a conhecida Revolta das Pedradas, que tivo lugar na comarca de Trasancos em 1918.
Para saber mais sobre a revolta do centeio de Escairom recomendamos o artigo de María Jesús Souto Blanco “Una “revuelta de hambre” en la Galicia Del primer franquismo: O Saviñao”, que pode descarregar-se na seguinte ligaçom: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=750271 [Última visita: 27/03/2021].
Para saber mais sobre a agitaçom na Galiza rural durante o Franquismo recomendamos o livro de Ana Cabana La derrota de ló épico, editado pola Universitat de València.
22. José Ramón Reboiras Noia (Dodro, 1950 – Ferrol, 1975): independentista e comunista galego assassinado pola polícia espanhola em Ferrol, o 11 de agosto de 1975. Mais conhecido como Moncho Reboiras, a sua figura constitui um dos exemplos mais destacados dumha geraçom de militantes que arriscárom a liberdade (e mesmo a vida) para tentar acabar com o regime franquista, apostando na ruptura política e na açom direta. Como militante da Uniom do Povo Galego (UPG), Moncho Reboiras tivo um destacado papel como dinamizador cultural e também, como sindicalista. O seu trabalho foi fundamental para a criaçom do Sindicato Obreiro Galego (SOG), antedecente da Intersindical Nacional Galega (ING) e, portanto, da Confederaçom Intersindical Galega (CIG).
Para saber mais sobre Moncho Reboiras recomendamos o filme Reboiras. Acción e Corazón, dirigido por Alberte Mera.
23. José Humberto Baena (Vigo, 1950 – Hoyo de Manzanares, 1975): militante do Frente Revolucionário Antifascista e Patriota (FRAP) fuzilado dm 27 de setembro de 1975. O dia do seu assassinato fôrom executados os militantes de ETA Txiki Paredes Manot e Ángel Otaegi, assim como os membros do FRAP Ramón García Sanz e José Luís Sánchez-Bravo Solla (nascido, também, na cidade de Vigo). Todos eles, denunciárom torturas durante as suas detençons e fôrom vítimas dumha justiça que só pode qualificar-se como farsa. As suas mortes provocárom umha vaga de protestos a nível estatal e internacional e constituem o derradeiro exemplo da aplicaçom da pena de morte por parte do Estado espanhol.
Para saber mais sobre Humberto Baena recomendamos a leitura dumha das suas derradeiras cartas, a cal está disponível na seguinte ligaçom: http://www.buscameenelciclodelavida.com/2012/09/carta-de-xose-humberto-baena-el-ultimo.html [Última visita: 26/03/2021]
Para saber mais sobre a violência política dentro da chamada Transiçom recomendamos o livro de Sophie Baby El mito de la transición pacífica. Violencia política em España (1975-1982), editado pola Editorial Akal.