24. Suso Vaamonde (Ponte Caldelas, 1950 – Vigo, 2000): foi umha das vozes fundamentais da música em Galiza e em galego. Fijo parte de “Voces Ceibes”, coletivo criado nos anos finais do Franquismo com o objetivo de fazer cançons com conteúdo social e na nossa língua. Além da sua carreira como cantor, foi impulsor e membro fundador do mítico grupo A Roda. Em 3 de junho de 1979 atuou num recital antinuclear na Praça da Ferraria, em Ponte-Vedra, e foi denunciado por um militar de Salamanca (militante de Fuerza Nueva), que o acusou de cantar: “quando me falam de Espanha sempre tenho umha disputa, que se Espanha e a minha mãe eu som um filho de puta”. Ao ano seguinte foi sentenciado a umha pena de cárcere de 6 anos e um dia e decidiu optar polo exílio. Em 1984 volveu a Galiza com a esperança de ser amnistiado. O indulto chegou, mais passou 46 dias na prisom de Ourense. Suso Vaamonde faleceu no ano 2000 em Vigo, após umha longa doença. Um ano antes do seu passamento recebeu umha homenagem organizada pola “Sociedade Civil e Recreativa do Condado”, em Salvaterra de Minho. A esse recital acudírom 3000 pessoas.
Para saber mais sobre Suso Vaamonde (e sobre a música em Galiza) recomendamos o livro de Fernando Fernández Rego Unha historia da música em Galicia, editado por Galaxia.
25. Encoro de Belesar (Chantada, 1963): o encoro de Belesar inaugurou-se em 1963. O lugar amossa, dum jeito muito claro, as consequências das agressivas políticas de industrializaçom da Ditadura franquista no nosso pais. A barragem foi construída para abastecer umha central hidroeléctrica dum dos homens fortes do regime na Galiza: o conde de FENOSA, Barrié de la Maza. O projeto, influído dum jeito evidente pola cenografia futurista, ligada ao fascismo italiano, anegou mais de mil hectares de terras férteis ao longo do curso do Minho e provocou a desapariçom da antiga vila de Porto Marim. Na sua construçom participárom presos políticos da Ditadura em condiçons de semi-escravidom.
Para saber mais sobre as consequências sociais da construçom do Encoro de Belesar recomendamos o documentário Asolagados, dirigido por David Vazquez Vázquez.
Para aprofundar no trabalho escravo durante o Franquismo recomendamos o livro de Carlos Hernández Franco Los campos de concentración de Franco. Sometimiento, torturas y muerte tras las alambradas, editado por Penguin Random House Grupo Editorial.
26. Assassinato de Amador Rey e Daniel Niebla (Ferrol, 1972): Amador e Daniel fôrom dous sindicalistas galegos que morrêrom após serem tiroteados pola polícia franquista em 10 de março de 1972 em Ferrol, quando participavam dumha manifestaçom junto com outros 4000 companheiros dos estaleiros de “Bazán”. Esta jornada de luita saldou-se com dúzias de feridos (muitos deles por disparos de bala), despidos, multas e até encarceramentos. Os obreiros galegos manifestavam-se para rejeitar a imposiçom dum convénio laboral assinado em Madrid por parte do Sindicato Vertical do Franquismo e demandavam um convenio laboral próprio. Estes sucessos tivérom eco na imprensa estatal e internacional e provocárom umha vaga de solidariedade no país que se fijo sentir, sobretudo na cidade de Vigo. Na atualidade, o 10 de março, o Dia da classe obreira galega, continua a ser umha data marcada no calendário sindical do nosso país. As mortes de Amador e Daniel nom fôrom investigadas e os seus assassinos continuam impunes.
Para saber mais sobre Amador, Daniel e do Dia da classe obreira galega recomendamos o visionado do pequeno documentário 10 de Marzo, Día da Clase Obreira Galega [FORMACIÓN], elaborado pola CIG.
27. Conflito das Encrobas (Cerzeda, 1974 – 1977): foi um dos protestos socioambientais de mais importáncia na Galiza da Transiçom. O conflito tivo a sua origem no ano 1974, quando a empresa elétrica FENOSA comprou os direitos para a exploraçom dumha mina de lignito, descoberta 20 anos atrás, na paróquia das Encrobas, pertencente ao Concelho de Cerzeda. A empresa, contava com o apoio absoluto das autoridades franquistas, as quais, aprovárom um decreto de “utilidade púbica” para blindar a localizaçom da mina e permitir as expropriaçons forçosas das terras que achassem necessárias. Porém, a pesar de o terem todo em contra, as labregas e labregos das Encrobas nom cedêrom e iniciárom um ciclo de mobilizaçons que se mantivo durante anos e que obrigárom FENOSA a negociar, até chegar a um acordo em 1977. Em todo este processo, a vizinhança das Encrobas contou com o apoio do nacionalismo galego, a través do sindicato “Comisións Labregas”.
Para saber mais sobre o conflito das Encrobas recomendamos o artigo de Daniel Lanero Táboas “Comunidad rural, conflicto socioambiental y organizaciones políticas em la Galicia de la transición. El caso de “As Encrobas”, 1976-1977”, o qual, pode consultar-se na seguinte ligaçom: https://core.ac.uk/download/pdf/231044813.pdf [Última visitia: 27/03/2021].
28. Marcha a Jove (1977): No dia 10 de abril de 1977 celebrou-se umha mobilizaçom histórica, em contra da instalaçom dumha central nuclear no lugar de Regodela, pertencente ao concelho de Jove. Nessa jornada, o sindicato nacionalista “Comisións Labregas” convocou umha marcha de 12 km, entre Viveiro e Jove, que foi secundada por umhas 8000 pessoas, mália o facto de nom estar autoriçada. Este protesto foi um fito fundamental para evitar a construçom dumha empresa que se entendia coma umha ameaça, nom apenas para a saúde pública e o meio ambiente, mas para economia e o património das pessoas residentes na zona. Junto com o conflito das Encrobas e Baldaio, a luita antinuclear de Jove constituiu um exemplo de colaboraçom entre a sociedade civil e o nacionalismo galego, um auténtico movimento de massas e um exemplo de éxito para o conjunto do país.
Para saber mais sobre a Marcha a Jove recomendamos o artigo de Raúl López Romo e Daniel Lanero Táboas “Antinucleares y nacionalistas. Conflictividad socioambiental em el País Vasco y la Galicia rurales de la Transición”, o qual, pode descarregar-se na seguinte ligaçom: https://ojs.ehu.eus/index.php/HC/article/view/4743/4531 [Última visita: 27/03/2021].
29. A guerra do leite (Monforte de Lemos, 1977): foi um conflito que estalou em 1977 mas que vinha gestando-se desde 1960, como resultado da especializaçom leiteira da gadaria galega. Desde entom, os conflitos leiteiros estivérom a se manifestar de maneira quase cíclica até a atualidade, o que explica a sua grande repercussom social e política. A origem desta problemática está nos baixos preços que a indústria de transformaçom leiteira paga aos gadeiros pola sua produçom. Na guerra do leite o nacionalismo galego ocupou um papel destacado, graças ao sindicato agrário Comisións Labregas.
Para saber mais sobre este protesto recomendamos o artigo de Ana Cabana Iglesia e Daniel Lanero Táboas “Cuando la protesta rural ocupa el asfalto. La “folga do leite” en Galicia (1978)”,que pode descarregar-se na seguinte ligaçom: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7688429 [Última visita: 29/03/2021]
30. Revolta vizinhal em Alhariz (1989): foi um protesto que tivo o seu início o dia 11 de agosto de 1989, quando um grupo de vizinhas e vizinhos da vila decidóirom fechar-se no Concelho para protestar contra as práticas caciquis e a incompetência do presidente da câmara municipal, Leopoldo Pérez Camba, pertencente à coaligaçom “Centristas de Galicia-PP”. Estas açons tivérom como detonante a apariçom dum cento de truitas mortas no rio Arnoia. A mala gestom desta problemática, junto com o malestar acumulado durante anos contra a corporaçom municipal, levárom ao início dumha revolta vizinhal que se estendeu durante mais de três meses e que fijo que a direita espanhola perdesse a alcaldia para sempre. O éxito foi possível graças à unidade e à determinaçom de toda umha vila, que soubo respostar às ameaças e ao encarceramento de cinco dos seus vizinhos com um nível de solidariedade e compromisso que ainda se lembra com orgulho no Alhariz de hoje.
Para saber mais sobre esta revolta vizinhal recomendamos o pequeno documentário “Fillas da Revolta. Allariz 1989”, que pode ver-se na seguinte ligaçom: https://www.youtube.com/watch?v=v-AHxVLjo_E&t=441s [Última visita: 27/03/2021].
31. Abertura do Centro Social Artábria (Ferrol, 1998). Actualizando a herança dos movimentos locais do reintegracionismo de base, a Fundaçom Artábria dava o passo de abrir o primeiro centro social autogerido ligado ao independentismo, iniciativa que seria emulada em dúzias de lugares da nossa geografia nacional, dando lugar a umha série de espaços físicos comprometidos com a normalizaçom da língua, a defesa da cultura popular, o fomento da dissidência política, ou a solidariedade antirrepressiva.
Para saber mais destes exitosos projectos recomendamos o livro Centros sociais. Espaços abertos para umha nova cultura, editado em 2005 polo Novas da Galiza.
32. Enterro no cemitério de Castro Pol, na comarca eunaviega, de Fermín Penzol Lavandeira (Sahagún 1901-Compostela 1981), galeguista, bibliófilo e defensor apaixonado da nossa cultura, com raízes familiares na Galiza irredenta. Estudando Direito em Madrid, e influenciado pola obra de Vicente Risco e Antom Vilar Ponte, entra em contacto com círculos patrióticos juvenis, com quem fundará a Mocedade Céltiga, de orientaçom arredista. Fai parte do Partido Galeguista na década de 30, e na posguerra encaminha os seus esforços para a luita cultural. Enquanto trabalha como registador da propriedade, é um dos promotores da Editorial Galáxia, pondo em contacto Ramom Pinheiro e Fernández del Riego, motores ideológico e organizativo, respectivamente, do galeguismo cultural na ditadura. Na década de 60, com os fundos da sua impressionante biblioteca, cria-se em Vigo a Fundaçom Penzol, inaugurada com umha palestra do intelectual português Rodrigues Lapa. A Fundaçom é referência de primeira orde para a comunidade investigadora do país, e em geral para toda a cidadania identificada com a cultura de nosso.
Para saber mais da dimensom humana, política e inteletual deste persoeiro recomendamos: Fermín Penzol: rexistrador da propiedade, bibliófilo e galeguista, editado pola entidade “Galeguizar Galicia” em 2017, e que recolhe umha completa semblança biográfica e política do nosso homem.
https://galeguizargalicia.gal/wp-content/uploads/2021/01/Fermin-Penzol-Libro-www.pdf [Última visita: 25/06/2021].
33. Desmantelamento policial dos campamentos do EGPGC nos Montes do Invernadoiro e no Canhom do Sil, e detençom de parte da sua dirigência clandestina, em 1988. A organizaçom saíra à luz pública em fevereiro de 1987 com ataques simultáneos contra bancos nas principais cidades galegas. Num lustro de actividade, o EGPGC pujo o independentismo em primeira plana de actualidade com umha campanha de propaganda armada principalmente dirigida contra empresas energéticas, setor financeiro, simbologia fascista ou bens de figuras da direita espanhola. Pola primeira vez na história, um setor do nacionalismo mantém umha estrutura militar clandestina a cavalo entre as serras do interior e o norte de Portugal.
Para saber mais recomendamos o artigo dum dos protagonistas da experiência, Antom Garcia Matos: ‘Independentismo e violência’, in VVAA: Para umha Galiza independente, Abrente, Compostela, 2000.
34. Fundaçom do Colectivo Fala Ceibe na comarca do Berzo. A associaçom cultural, com sé em Ponferrada, tem-se destacado como um importante colectivo a prol da promoçom da nossa língua no Berzo Occidental, com umha populaçom galegofalante, segundo as suas próprias estimaçons, de por volta de 40000 pessoas. As suas campanhas a favor da oficialidade do idioma no sistema educativo, e do seu reconhecimento na legislaçom castelhano-leonesa, tenhem dado grande dimensom à reivindicaçom do galego na faixa oriental, e ganhado o apreço de muitas galegas e galegos no território da CAG.
Fala Ceibe tem-se manifestado, aliás, a favor do reconhecimento oficial da singularidade berciana e da sua aproximaçom à Galiza autonómica, continuando umha velha tradiçom galeguista apontada por Murguia: ‘arredam-nos mais duramente do resto da Península as ríspidas alturas do Manzanal’; o escritor berciano Fernández Morales sentenciava em 1861 quanto ao Berzo que ‘a Galiza puxa para si, mas Castela nom a solta.’ No mesmo século, o naturalista alemao Hans Friedich Gadow regista que em Vila Franca ‘muitos termos que desconcertavam aos castelhanos reconheciamo-los nós com o português ligeiramente alterado’.
Para saber mais sobre a reivindicaçom idiomática e cultural berciana, além de numerosas referências à história da comarca e à sua riqueza etnográfica recomendamos: http://obierzoceibe.blogspot.com/ [Última visita: 25/06/2021].
35. Afundimento do Prestige e nascimento da Plataforma Nunca Mais (Costa da Morte, 2002). : o afundimento do buque monocasco Prestige em 19 de novembro de 2002 está considerado umha das maiores catástrofes ecológicas da história da Galiza. A gestom política da desfeita, marcada polo escurantismo e o despreço à cidadania, levou à fundaçom da plataforma Nunca Mais, um movimento assembleário sem precedentes pola sua extensom territorial e a pluralidade social e política que acolhia. Combinando a sensibilidade ecologista com a defesa da dignidade colectiva da Galiza, Nunca Mais exigiu a declaraçom da Galiza como zona catastrófica e a dotaçom de recursos de todo tipo para fazer frente às marés negras. No 1 de dezembro de 2001, Nunca Mais convocou em Compostela umha das mobilizaçons de massas mais importantes da história da Galiza, com 150.000 pessoas a inçar as ruas da nossa capital. Dous anos mais tarde, a Plataforma recebia o prémio Pedrom de Ouro pola sua “firme e histórica reaçom de dignidade”.
Para saber mais sobre aqueles dias transcendentais na nossa história recente recomendamos a obra de Paz Garza, X., e Díaz Carpenter, A.: “Nunca Mais. A voz da cidadanía”, editado por Difusora em 2007.
Também se pode aceder a umha análise sintética do movimento de massas no artigo de Jorge Paços https://www.galizalivre.com/2017/11/14/quinze-anos-da-exibicom-de-dignidade-que-abalou-o-dominio-dos-de-sempre/[Última visita: 25/06/2021].